2007-08-09

Contos da Primária , O Exame

Com o aproximar do exame da 4ª classe o Areias começou a demonstarar algum nervosismo que foi crescendo com o tempo . Tornou-se evidente que era uma questão de honra ter o menos numero de reprovações possiveis , uma tarefa dificil numa turma onde mais de metade era uns nabos e com uma extensa e diversificada matéria para falhar .

O numero de coisas que tinhamos de saber era abismal quando não ridiculo , como as principais linhas ferreas cujas estações e apeadeiros tinhamos de saber de cor e salteado , no corpo humano o nome de todos os ossos , da mão , da perna , do braço , a pequena e a grande circulação , o sistema digestivo , o sistema respiratorio , os rios , os afluentes , onde nascem , onde desaguam e com se não chegasse tinhamos ainda as provincias ultramarinas , mais rios , mais linhas ferreas , mais provincias , tinhamos Historia de Potugal , começavamos no Viriato , fundação , 1ª Dinastia , 2ª , 3ª , 4ª , nomes dos reis , datas dos reinados , batalhas e batalhas com Espanha era coisa que nunca mais acabava , dats e mais datas , tratados , descobrimentos , pergunto-me sempre como conseguiamos meter tanta merda na tola ...

No dia do exame o Areias visivelmente nervoso e agastado , chamou-me e ao Angelo e pediu-nos para que dentro dos possiveis prolongassemos o tempo do exame , isso encurtaria o tempo disponivel para exminar os restantes e aumentaria as possibilidades de exito da turma e avisou-me para me manter nos assuntos da matéria e não me armar em parvo com as minhas teorias .

Quando entrei na sala de exame , primeira coisa tirei a gravata que a minha mãe me tinha obrigado a por , desapertei o botão da camisa e espantei-me com aquela sala de aula , tão diferente da minha velha escola , até o quadro era de cor diferente , era branco , de plastico e nem fazia aquele barulho arripiante do giz a passar na lousa . Não deu para muitas mais observações porque fui logo o primeiro , desvantagens do nome começar por A .
Havia 3 profs , mandaram colocar-me junto ao quadro e começaram as perguntas . Fui respondendo descontraidamente e ao chegar-me ao quadro vi uma coisa esquesita que me chamou a atenção , um compasso de madeira muito grande , prai 50 cm ... Nunca tinha visto um compasso na minha vida , não resisti e sorrateiramente comecei a mexer-lhe , um dos profs levantou-se tirou o compasso e fez voz grossa :
- O menino veja lá mas é se está concentrado no que lhe pergunatamos .
Olhei para ele e perguntei :
- Porquê já respondi a alguma coisa mal ?
Foi uma pergunta inocente , estranhei ver o Areias levar as duas mão á cara , sorri-lhe e continuamos .
O prof que me tinha interrogado até então calou-se e começou outro :
- Vamos agora falar de história , sabes que tivemos 4 dinastias , escolhe lá uma para falarmos , queres a 1ª dinastia ?
Olhei para o Areias que com um largo sorriso me indicava que sim com a cabeça .
- Pode ser a 4ª Dinastia , respondi .
O Areias voltou a por as duas mãos na cara ...
Passado algum tempo diz o prof , bom , muito bem , acabou o teu exame .
- Quê , é só isto ? já acabou ?
O Prof que me tinha tirado o compasso perguntou com ar intimidador , queres continuar ?
- Quero sim sr professor , respondi .
E continuamos ainda um bom bocado , o palermão do compasso tentou passar-me todo o tipo de rasteiras , inutilmente ...
Quando saí o Areias correu para mim levantou-me ao ar , abraçou-me e deu-me um beijo . Fiquei de boca aberta , era algo novo , o homem afinal até tinha sentimentos e conseguia ser carinhoso , disse-me :
- Tu não estavas a brincar , tens mesmo nervos de aço , nunca vi um exame assim , não erraste uma pergunta e estavas ali como se estivesses a comer um gelado , como consegues ?
Era o momento de exacto de lhe puxar as orelhas , ele até já nem era meu professor , a minha mae e a minha irmã também estavam ali , não devia de haver muito perigo , olhei-o fixamente nos olhos e a brincar a brincar disse-lhe :
- É que antigamente quando andava na primária tive um professor muito mau que nos batia constantemente com a regua , na classe vivia-se um ambiente de medo e terror , para sobrviver tinha de ter nervos de aço ...
Obtive uma resposta que não esperava :
- Eu apercebi-me que depois do problema com o Fredo tu mudaste , nunca mais foste tão simpatico como eras , deixaste de colaborar voluntariamente nas aulas e não me voltaste a procurar no fim para tirares duvidas e fazeres perguntas , como era teu hábito . Talvez agora não compreendas mas um dia mais tarde vais compreender , o que eu fiz pode ter marcado a diferença entre amanha o Fredo ser um homem honesto ou um bandidola qualquer , achas que o fiz por prazer ?
Vai-te lá embora , desejo-te muitas felicidades , nunca me vou esquecer de ti .
Afinal enganou-se , ainda hoje não compreendo aquela sova horrivel que o Fredo levou e acho que nunca vou compreender , apesar da sova o Fredo hoje em dia é um bandidola , e voltou-se a enganar , não é um bandidola qualquer ...



Contos da Primaria , Objectos de Culto , A Régua

O Dr Oliveira Salazar estava sempre presente , em espirito através das teorias administradas e em fotografia , por tras de qualquer secretaria dum professor havia um retrato , tudo se passava sob o olhar atento do Doutor ... Nunca se fazia uma referência politica , tocar um assunto como esse numa sala de aula estava fora de questão , nem me lembro que algum prof tenha alguma vez falado de politica . Dificilmente se sabia quem era quem , o Areias era seguramente um Salazarista mas não estou certo que ele o soubesse .
Por vezes tinha a sensação que ele nunca parara uma unica vez para pensar porque era assim , não me parecia uma pessoa que se questionasse , podia quase apostar que ele proprio tinha tido uma educação rigida , rica em castigos e aceitara que as coisas são mesmo assim .
Nunca conheci as suas opçoes politicas , parti sempre do principio que não devia ser muito fã da liberdade e da tolerancia e a forma como entendia a moral não me deixava muitas duvidas .
Se duvidas houvessem a semelhança com os processos pidescos de tortura te-los-iam dissipado , considerava-o um Salazarista mas nunca pude saber ao certo , se calhar até era do PCP e tinha feito um estagio com o Staline ou com o Stalone ...

Não era contudo do tipo de nos obrigar a cantar o hino nacional antes de cada aula , como havia muitos , nem de questionar sobre opções politicas familiares como também era habito , parecia-me viver um pouco á parte de tudo isso , talvez tivesse apenas valores muito rigidos e acreditasse nas propriedades correctivas do castigo fisico , de qualquer forma acreditem em mim era muito desagradavel e desmotivante , havia miudos que ficavam simplesmente aterrorizados na sua presença , calculo que o medo lhes dificultasse bastante a aprendizagem . Un mau aluno como o Fredo podia ter dias de lever 50 ou 60 réguadas e não era muito dificil chegar lá .
Como no codigo de estrada as infrações estavam divididas por categorias , as reguadas também , por exemplo estavamos a ler , se o Areias mandasse de repente um aluno continuar a ler o texto e ele não soubesse onde ia , era muito muito grave , pra cimas de duas duzias de reguadas , já ser apanhado distraido a olhar pro lado era
apenas grave , um duzia de reguadas , todas as infrações relacionadas com falta de atenção á aula eram graves ou muito graves , faltas de respeito simplesmente não havia por isso a classificação era desnecessária , interromper uma aula ou falar com um colega durante a aula , ningúem timha tomates para tanto , portanto também sem classificação .
Paralelamente havia os castigos por erro ou falta de conhecimento , os ditados onde cada erro cada réguada , a inquisição da tabuada e o corpo humano contribuiam maioritariamente para a rodagem da régua , tudo bem somado ao fim do dia dá quanto ?
Parece-me sobretudo estranho que levando em conta que os miudos são um corpo em formação , o espancar constante das mãos deve levar forçosamente a más-formações e deformações dos ossos em crescimento , que nunca ninguém tenha levantado essa questão
e fosse aceite e institucionalizado o uso das reguadas como forma de punição .




A Psicose da Violencia

Como puderam constatar pelos contos anteriores todas as nossas brincadeiras eram parvas e violentas , coisas como colocar pioneses na cadeira dos colegas , trilhar dedos , empurrar pelas escadas abaixo , gravatas ( nem vou dizer o que é para não escandalizar as meninas ) ,picadelas de agulha , palhetas ( mais conhecidas como rasteiras ) , revistas ( tanbém não vou dizer , não quero ferir susceptibilidades ) eram o prato do dia ... Falar mal não se pode dizer que era obrigatório porquanto saia naturalmente , as proprias mães falavam assim para os filhos e maior parte dos lares pobres , senão miseraveis , um puto dizer , foda-se a merda da sopa tá fria , era um frase normal ...

Não se riam , mas acho que muito disto se devia á ausencia do sexo oposto , a sensibilidade femenina que poderia funcionar como elemento redutor não estava presente , era uma balança desiquilibrada , todos os valores femeninos não eram apenas ignorados , eram mesmo desprezados .
Eram também de certa forma um reflexo da sociedade repressora em qua viviamos , repressão politica que apesar de enquanto crianças não nos afectar directamente espelhava a efectividade do uso da força bruta , a repressão religiosa andava de mãos dadas com a politica , a igreja era austera e castigadora , a violencia do castigo estava em todo o lado , legislada e socializada , os pais batiam nos filhos , os homens batiam nas mulheres , a policia batia nos cidadãos , os profs batiam nos alunos , porque haveria de nos parecer ilógico batermos uns nos outros ?

A nossa parvoice não tinha uma origem muito diferente , era uma sociedade parva ,
alicerçada em tabus e mentiras , a verdade podia trazer consequencias nefastas , vivamos na sombra duma guerra de que nem podiamos falar e o machismo estava de tal forma enraizado na educação que bater na mulher era um acto tão normal como frequente . A ideia de que a mulher era inferior acompanhava-nos desde miudos e os seus valores eram alvo de desprezo e chacota .
Ser violento e ser duro não era só uma questão educacional , era também uma necessidade , a vida era dura , pelo menos muito mais dura do que hoje poderemos imaginar , ser pacifico e sensivel era equivalente a viver no inferno ...

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Contos da Primária , A Educação Sexual

Estranhamente no meu tempo de criança não havia sexo ...
Não se falava sexo , não se via sexo , ninguem fazia sexo ( diziam eles ... ) , revistas , fotos ou filmes eram proibidos e punidos por lei , a aurea suja e pecaminosa do sexo era-nos imprimida pela educação religiosa , era claro que para a igreja o pecado da carne ocupava o topo da lista e a sua simples referencia suficiente para nos condenar á escuridão eterna , sexo era sinónimo de pecado. Fazia-me imensa confusão que mesmo assim todos optassem pelo sexo , porque
arriscariam as pessoas a sua alma por algo que diziam ser sujo , feio e mau ? Ali tinha de haver coisa ...
Á falta de informção sobrava a imaginação , ideias de que os homens tambem era menstruados , as crianças nasciam pelas mamas , que um casal com 2 filhos só tinha feito sexo 2 vezes , dar um beijo engravidava , cada um de nos tinha uma ideia particular dos processos ...
Curiosamente na minha familia a unica pessoa a quem podia recorrer para duvidas sobre este assunto era a minha avozinha , mas a coitadita não tenha um pingo de educação , era analafabeta e tinha imensas dificuldades em explicar-me estes assuntos , mas não me mentia , explicava-me como sabia e pelo menos ficava com uma noção geral do processo .


Era um dos tabus sociais do antigo regime , feio , porco e mau , mas que como viria a descobrir niguém dispensava ...
Não só não havia educação sexual como qualquer pergunta sobre o assunto era automaticamente classificada de inopurtuna , provocadora e espelhava o mau caracter de quem a fazia , logo era severamente castigada .
A pouca informação que nos chegava era tão filtrada e alterada por cada boca por onde passava que dava origem a historias mirabolantes , a verdade é que cada um de nós tinha o seu proprio conceito de sexo , adpatava-o á sua imaginação e podiamos dar-nos ao luxo de divagar ,porque a verdade , essa ninguém a conhecia ou pelo menos nunca poderia estar certo a 100 % e dada as nossas idades não havia como confirmar .
Também não era coisa que nos dissesse muito directamente repeito , interessava-nos enquanto mistério escondido e proibido , a area de ciencias naturais por exemplo , tão minuciosa no estudo do corpo humano , omitia qualquer referencia aos orgãos sexuais , gestação , fecundação , ovulos eram palavras nunca ouvidas , o penis e a vagina nunca estiveram sequer perto de serem olhados como uma comum parte do corpo , não , eram o centro do pecado , por causa deles e da depravada da Eva que não pensava noutra coisa andavamos agora a penar feito uns tolos , a igreja apregoava que a Eva tinha dado o conhecimento ao Adão , mas deixava-nos entender que lhe deu foi um afrodisiaco e ainda hoje é o mistério que as mulheres mais gostariam de ver resolvido , que é que a Eva pôs na maçã ?




Contos da Primária , O Recreio

A minha antiga escola primária , a nº 61 de Stº Ildefonso , era um casebre antigo adapatado , no inverno era muito fria , não havia qualquer tipo de aquecimento á exepção da régua do Areias , pior que o frio era o facto que quando chovia não havia recreio para ninguém .
A verdade é que também não tinhamos um recreio , tinhamos um pátio com talvez 50 metros quadrados . Saiamos da sala no 1º andar e uma escada de pedra levava-nos directamente ao pátio ,no extremo um corredor estreito de alguns metros onde ao fundo havia um galinheiro adaptado para WC .

As escadas de pedra devem vir ainda no guinesse-Book , raro era o dia que alguem não caisse ou fosse empurrado por elas abaixo , todos queriam ser o primeiro a chegar ao recreio , 40 animais desenfreados correndo pra liberdade por uma escada com pouco mais de 1 metro de largura , era inevitavél ...

Não foi dificil encontrar uma forma de rentabilizar o espaço e adpata-lo ás necessidades . Para não se perder muito do precioso tempo a formar grupos , dividiamo-nos , benfiquistas dum lado portistas do outro , uns faziam o quartel general nas escadas outros no corredor de acesso á cagadeira , finalidade , expulsar o adverdario da sua propria casa ...

Para além das rivalidades clubistica logo implicadas , tornava-se quase impossivel resistir no meio de tanta confusão á regularização de contas antigas , o ambiente aquecia mas o toque do sino pacificava tudo rapidamente e numa arrepiante demonstração de fair-play ajudavamos sempre os feridos a subir as escadas . Quando tudo corria bem eram apenas uns arranhões , joelhos esfolados , olhos negros ou lábios rebentados , quando corria pior era um bracito ou um dedo partido , uma cabeça rachada , algo a que todos estavamos habituados ... De qualquer forma sempre
preferivel a não ter recreio , os dias de chuva eram uma calamidade , além de não podermos brincar raro era o dia que o Areias ao voltar da sua pausa não nos enxousasse por termos feito
barulho , não só não tinhamos sequer uma oprtunidade de esticar as pernas como tinhamos de permanecer 20 minutos em silencio absoluto . Quando o Areias estava mal disposto , depois da habitual rodada , fazia ainda um ditado , escolhia sempre um texto dificil e era tipo sobremesa ...

O Areias tinha o vicio parvo de quando saia da sala deixar-me a mim ou ao Angelo a tomar conta da classe , detestava aquilo , tinha de por no quadro o nome do pessoal que fazia barulho , como nunca punha ninguém era sempre eu que apanhava . Para o Angelo também não era simples , não que até não gostasse de delatar alguem para engraxar o prof mas tinha consciencia que á saida levaria uma grande sova e não se atrevia a tanto , por isso quando o prof dizia , Angelo tomas tu conta , abria logo a torneira , nunca percebi onde arranjava tantas lagrimas ...



Constos da Primária , Os Deveres

Uma coisa que me intrigava imenso era o Areias não ter ainda desatinado por o Fredo ter os trabalhos de casa sempre certinhos , afinal na aula não acertava uma , era evidente que ou copiava ou alguem lhos fazia , qualquer uma delas seria severamente punida , não tinha duvidas .
Até que um dia aconteceu , o prof viu os trabalhos de todos , pegou no do Fredo e chamou-o ao quadro . Eram uns problemas de aritmetica e o Fredo que nem a tabuada dos 2 sabia tinha tudo certinho . Mandou-o fazer os problemas no quadro e claro que o Fredo não acertou uma , a inevitavel pergunta surgiu , Fredo por quem é que copiaste os deveres ? Silencio ... Fredo quem é que te fez os deveres ?
Sabia que o Fredo nunca se iria chibar , antes que começasse o massacre levantei-me e disse , sou eu que tenho ajudado o Fredo .
O areias olhou-me e perguntou , és tu que fazes os deveres do Fredo ?
Não Sr Professor , não foi isso que eu disse , disse que tenho ajudado o Fredo , faço os trabalhos com ele , estudamos juntos , ensino-o e dou-lhe uma ajuda .
Tinha-se tornado evidente que o Areias tinha uma certa predileção por mim , não compreendia muito bem , não era por ser o melhor aluno, havia mais 1 ou 2 tão bons como eu e todos o acompahavam desde a 1ª classe , exepto eu que chegara há uns meses , acho que talvez fosse o facto que ao contrario dos outros não me sentia aterrorizado na sua presença . Tinha medo , claro que tinha , mas não terror , não ficava bloqueado , não gaguejava , falava normalmente com ele como com qualquer outro , respeitando os protocolos mas á vontade e não me inibia de dizer o que pensava , claro que sempre com o maximo de respeito . Imagino que a forma curta e sintética com que ainda hoje tendo a expor os assuntos , nunca utilizando mais que as necessarias palavras ambém terão contribuido para que olhasse para mim de forma diferente e se vezes houveram em que o vi diferenciar tratamentos relacionaram-se comigo . As regras eram iguais para todos mas por vezes tornou-as elasticas o necessario para se adaptarem as algumas atitudes minhas .
Voltando ao assunto , estavmos os dois em maus lençois , perguntou o Areias , e então onde é que voces estudam ?
E o Fredo respondemos em unissono , em minha casa ...
Fiquei gelado , mais gelado ainda quando pensei que não imaginava onde morava o Fredo e ali também não devia ter a minima ideia onde eu morava . Felizmente o prof , nem se lembrou disso , continuou :
- Isto já se arrasta há algum tempo , não é ? Tebho reparado que o Fredo tem sempre
os deveres correctos , e então o Fredo tem feito progressos ?
Uma luzinha do céu iluminou-me e em vez do presumivel sim que não se sabe onde nos podia levar , respondi :
- Nem por isso , Sr professor , o Fredo é uma criança que tem muitas dificuldades em aprender , também não era eu em alguns meses que ia conseguir aquilo que todos os professores não conseguiram durante 8 ou 9 anos .
O Areias não consegiu disfarçar um pequeno sorriso , fez uma pausa de alguns segundos e disparou :
- Podes estudar com ele e acho muito bem que o faças , podes ensiná-lo ou até fazerem juntos os deveres , desde que ele aqui seja capaz de os fazer sózinho , percebeste o que eu disse ? Que esta situação não se repita .