Manuel António Pina
Gostava de deixar aqui algumas palavras de carinho e apreço ao Sr. Manuel Antonio Pina , jornalista que tem prendido a minha atenção no pequeno espaço que lhe reservou o JN , na ultima página , o « Por Outras Palavras » . Se sente alguma magoa por as suas linhas terem sido escorraçadas para a ultima página , talvez goste de saber que é por onde começo a ler o jornal , pela sua coluna...
Melhor que tecer elogios , será transcrever um dos seus textos , neste caso « Benditos sejam os canhões » de 18/7/2006 .
Passam hoje 70 anos sobre o golpe militar de Franco contra a democracia espanhola, que marca o inicio do pesadelo nazi-fascista que a Europa iria viver ao longo de uma das decadas mais sanguinarias da sua História . A Frente Popular vencera as eleições e obtivera a maioria nas Cortes .
Direita , Igreja , carlistas e grandes proprietários começaram desde logo a preparar o golpe que reporia a "tradição católica e autoritária de Espanha" e faria voltar as coisas á situação anterior á vitória eleitoral da Républica em 1931 : 2000 familias donas de metade do país , provincias inteiras nas mãos de um só homem ; 12 milhões de analfabetos , 8 milhões de pobres , salário médio de 1 a 3 pesetas por dia (um quilo de pão custava 1 peseta). Enquanto Hitler e Mussolini ofereciam a Franco armas e batalhões, França e Inglaterra optaram por uma cobarde neutralidade cujo preço dolorosamente pagariam pouco tempo depois . "Benditos sejam os canhões" , clamou a igreja abençoando os conspiradores . Em 3 anos , os canhões ceifaram meio milhão de espanhois e mais 2 milhões foram assassinados durante o franquismo , fazendo de Franco , com Hitler e Staline , um dos maiores criminosos da história europeia . Resta saber se a Europa aprendeu alguma coisa .